top of page

A Evolução dos Uniformes de Combate do Exército Brasileiro: 375 Anos de Transformações Funcionais e Tecnológicas

  • Foto do escritor: Anderson Gabino
    Anderson Gabino
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Anderson Gabino


Este artigo técnico analisa a evolução dos uniformes de combate do Exército Brasileiro desde sua origem nas Batalhas dos Guararapes (1648) até os padrões contemporâneos adotados no século XXI. A abordagem considera fatores históricos, operacionais, geográficos e tecnológicos que moldaram a configuração e a funcionalidade dos fardamentos militares, refletindo mudanças doutrinárias e exigências táticas ao longo do tempo.


1. Introdução


A função do uniforme militar transcende a mera padronização visual: trata-se de um componente crítico da operacionalidade, proteção e identidade do combatente. No contexto do Exército Brasileiro, a evolução dos uniformes de combate reflete o processo histórico da própria instituição, desde o período colonial até as modernas operações em ambientes diversos como selva, caatinga, montanha e áreas urbanas.


2. Período Colonial e Imperial (1648–1889)


2.1 Formação Inicial (século XVII e XVIII)


As tropas luso-brasileiras que combateram nas Batalhas dos Guararapes usavam uniformes inspirados no modelo europeu da época: casacas pesadas, calças largas e chapéus tricórnios. Estes uniformes tinham baixa funcionalidade em ambiente tropical, oferecendo pouca mobilidade e conforto térmico.


2.2 Consolidação Imperial


Durante o Império, houve a padronização dos uniformes com forte influência da tradição portuguesa e francesa. Os materiais ainda eram inadequados para o clima nacional. A Guerra do Paraguai (1864–1870) foi um divisor de águas, com a adoção de peças mais simples e práticas, como calças de brim e fardamentos adaptados ao ambiente de campanha.



3. Era Republicana e Segunda Guerra Mundial (1889–1945)


3.1 Influência Europeia e Norte-Americana


No início da República, os uniformes continuavam a seguir modelos europeus. Com a participação na Segunda Guerra Mundial, o Brasil adotou o modelo norte-americano para a Força Expedicionária Brasileira (FEB), introduzindo o conceito moderno de uniforme de combate: tecido resistente, corte funcional, múltiplos bolsos e o capacete M1.


4. Pós-Guerra e Doutrina de Guerra na Selva (1945–1985)


A experiência adquirida na guerra e os desafios operacionais da região amazônica levaram ao desenvolvimento de uniformes específicos para a selva. O verde-oliva se tornou padrão nacional, e surgiram os primeiros fardamentos camuflados nos anos 1960, com estampas tipo “lizard” (camuflagem tigrada).


Foi neste período que o Exército desenvolveu doutrina específica para guerra na selva, o que exigiu a criação de fardamentos leves, respiráveis, de secagem rápida e com reforços em pontos estratégicos.


5. Era Contemporânea (1985–2025)


5.1 Padronização Camuflada


A partir dos anos 1990, o uniforme de combate passou por avanços significativos em materiais e design. As Forças Armadas adotaram camuflagens adequadas aos biomas nacionais, e a tecnologia têxtil permitiu a produção de tecidos mais resistentes à abrasão, com secagem rápida, tratamento antifúngico e proteção UV.


5.2 Modularidade e Proteção Individual


O colete tático modular (com capacidade para placas balísticas), o capacete tipo FAST (com suporte para acessórios) e os sistemas MOLLE (Modular Lightweight Load-carrying Equipment) passaram a fazer parte do equipamento padrão. Esses elementos elevaram significativamente o nível de proteção e capacidade de adaptação do combatente.


6. Perspectivas Futuras


A pesquisa e o desenvolvimento na área de materiais militares apontam para a incorporação de:


  • Tecidos inteligentes com sensores biométricos integrados.

  • Camuflagem adaptativa, que altera coloração conforme o ambiente.

  • Nanotecnologia têxtil, oferecendo autorreparo, impermeabilização e resistência balística integrada.

  • Interoperabilidade digital, com integração entre uniforme, armamento e dispositivos de comunicação.


7. Conclusão


A evolução dos uniformes de combate do Exército Brasileiro reflete a transformação da doutrina militar brasileira e sua adaptação a múltiplos teatros de operações. Dos trajes cerimoniais herdados da Europa às vestimentas de alta tecnologia do século XXI, o uniforme se consolidou como uma extensão funcional do soldado moderno, essencial para sua sobrevivência, eficácia e identidade no campo de batalha.


8. Referências Bibliográficas


Commenti


bottom of page